domingo, 25 de março de 2012

Casamento

Não sei porque muita gente não acredita no casamento. Recentemente li um comentário em uma revista, destas revistas de salão de beleza feminino, que o casamento é um desrespeito à pessoa que se ama.
Acho que nem todo mundo está preparado para o casamento, nem o casamento foi feito para todo mundo, mas daí a generalizar o casamento como algo ruim, a sepultura do amor, eu acho um exagero.
Concordo que o número de famílias que vivem baseadas em um casamento infeliz, desarmonioso, é muito grande, concordo também que muitos dizem que vivem um casamento, quando vivem uma solidão a dois. Concordo ainda que o casamento não foi feito para todo mundo, ou que alguns não foram feitos para o casamento, o que preferirem.
Um amigo meu diz repetidamente que a palavra mágica do casamento é renúncia,. Talvez ele tenha razão, mas para mim a palavra mágica do casamento é amor.
São Paulo define muito bem o amor e Renato Russo soube aproveitar esta definição: “o Amor tem paciência, não é ciumento, não se irrita, não guarda rancor, tudo desculpa, tudo crer, tudo espera, tudo suporta”. Estes versículos bíblicos com uma frase que me mãe sempre repete: “Ingratidão tira afeição”, são para mim os cernes do casamento. Enquanto houver amor, vale a pena ser casado. Enquanto se olha no relógio para as horas passarem mais rápido para estar logo em casa.
Nem todo mundo tem a vocação necessária para o casamento, mas os que a tem e encontram a pessoa certa, com certeza não encontraram um inferno na terra, mas uma pontinha do paraíso.

domingo, 11 de março de 2012

Vaidade!




O espelho refletia um rosto jovem, mas a alma estava cansada... Talvez precisasse de uma maquiagem, preparou o batom, o pó, a sombra, contornou os olhos, e ainda assim a alma continuava cansada.
Saiu, precisava comprar um vestido novo, escolheu um azul, com detalhes amarelos em rajas que o tornavam único, mas ainda assim a alma estava cansada. Talvez um sapato, escolheu um que tornava seu pé maravilhoso, mas a alma... ela ainda estava cansada!
Foi ao salão, luzes, corte, hidratação, escova... clareamento da pele... Seu rosto ficou radiante em beleza, mas a alma...
Andava e despertava olhares de admiração, em um vestido azul, com sapato maravilhoso...
Viu uma senhora, parada, poucos carros, não atravessava a rua... Era cega... Teve o ímpeto de atravessar a rua e o fez, mas parou, seu coração não lhe permitia mais um passo... Voltou, tomou a senhora pela mão e a conduziu até o outro lado, perguntou a onde ia e a levou até o seu destino, soube de sua história, cegueira recente, dificuldade de adaptação, estava só, mas os filhos viriam no final de semana, estavam providenciando a mudança...
Continuou o seu caminho... por um instante algo não mais perturbava, os pingos de chuva começaram a cair... Mas ela não correu... A escovinha poderia ser feita amanhã.. Mas a alma, esta tinha sido restaurada!

Site da imagem: http://www.mundodastribos.com

domingo, 4 de março de 2012

Curacanga


A hora de dar a luz já se aproximava... As dores já estavam apertando e o seu temor era imenso! Mas o que assustava não era o parto, este já seria o sétimo! Mas o receio de nascer mais uma menina... O medo da maldição!
Casara-se e tivera a primeira filha Anete, a segunda Bernarda, a terceira Cândida, a quarta Dorinha, a quinta Eva, na esperança que o próximo fosse o Adão,mas nasceu a sexta e já com medo da maldição colocara o nome de Sexta, para assim evitar ter outro filho, ou pior outra filha.
Contava-se que a sétima filha, nascida em casa de apenas meninas, tornar-se-ia uma Curacanga, uma mulher cuja cabeça lhe saia do corpo e em forma de uma bola de fogo voava pelos campos e cuidava de apavorar quem encontrar nesta estranha vagabundeação.
Durante todos aqueles meses chorara muito, não sabia como fazer para evitar o mal a sua filha, caso fosse uma menina que estivesse esperando. Ao sentir as dores mandou chamar o padre que sabedor de sua aflição, e apesar de haver por muito tentado consola-la, prometera-lhe que iria ver a criança no momento do nascimento.
Em fim a criança veio ao mundo! Todos no quarto ficaram mudo, as mulheres que acompanharam o parto olharam para a mãe de forma desolada! Era uma menina! Uma linda menina, que de forma impressionante não mostrava marcas do esforço do nascimento, mas suas feições eram delicadas.
Seu marido entrou no quarto, ao ouvir o choro da criança, foi ao encontro da esposa com um semblante aliviado! Gertrudes, mezinheira de longa data, havia encontrado uma solução para o tormento do casal.
A salvação seria o batismo, no mesmo dia do nascimento e a irmã mais velha, Anete, seria a madrinha da ultimogênita. Assim ocorreu! O padre ao chegar e para sossegar o coração da mãe realizou o batismo e Anete tomou sua irmã como afilhada, e deram-lhe o nome de Gláucia, porque ela seria luzente mas seu brilho não seria mais a de uma bola de fogo nas noites estreladas do interior do Brasil.

Texto baseado em lenda do Meio Norte do Brasil.
site da imagem: http://www.jangadabrasil.com.br/julho23/im23070b.htm