segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Choro

(imagem:emquatrotempos.blogspot.com)
O choro manso de uma adolescente que estava em uma mesa à frente da minha, fazia-me querer ir oferecer um lenço, mas o consolo que a amiga lhe oferecia me pareceu bem mais oportuno que a intromissão de uma estranha.
Fiquei, na curiosidade que me é inata, a pensar sobre os motivos de tão profunda tristeza, que marcava um rosto lindo com córrego abundante de lágrimas. Pensei nos motivos que a adolescência tem hoje para chorar, e imaginei que são muitos: a situação do meio ambiente, a desigualdade social, a situação sócio-política do nosso país, as brigas em casa, com muitos lares em desarmonia, as notas na escola, o namoro que não está lá as mil maravilhas, enfim, muitos e bons motivos poderiam ter aquelas lágrimas. Os primeiros motivos, como acontece com todos nós, normalmente não nos trazem lágrimas abundantes, talvez (vamos considerar assim) porque problemas que são de muitos partilhe-se a dor, distancie-se a emoção. Mas os últimos poderiam muito bem levar a jovem ao mais profundo desespero.
Trabalho com jovens, amo-os, amo a vivacidade, a vontade de lutar pelo novo, a alegria esfuziante ao adentrar em sala de aula com a vivacidade de quem tem o mundo pela frente, mas a mesma intensidade com que sorriem eles choram. Términos de namoro, notas baixas figuram entre os principais motivos de desespero, que levam, às vezes, a atitudes extremas.
O choro daquela linda menina poderia, e até acho que deveria, ter um justo motivo, mas nossa juventude tem chorado pelos motivos errados. Chorar é bom, mas não se deve banalizar o choro com aquilo que não merece. Aliás, até devemos chorar sem motivo, mas nunca, nunca mesmo se desesperar. Uma coisa que já aprendi, é que no dia seguinte, normalmente o problema parece ser menor, e muitas vezes a maioria dos motivos dos nossos choros não sobrevive ao tempo e em dois anos nem nos lembramos por quem e pelo que choramos tanto.
Chore, mas nunca deixe este choro deixar a marca da tristeza em seu rosto!

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