sábado, 18 de fevereiro de 2012

Entre dois mundos


Vivo entre dois mundos muito interessantes...
Os meus filhos mais velhos estudam pela manhã e o meu caçula a tarde.
Assim, em alguns dias, quando vou deixar o menor no colégio é hora de pegar os grandes para levar para casa.
Junto com o de nove anos levo também três coleguinhas quase da mesma idade que são nossos vizinhos, é uma conversa sem fim, com histórias e "causos" para contar, tudo é hiperbólico: “o carro do papai é o maior do mundo!”. “ minha casa é a melhor do mundo!”, “meu pai é o mais bravo do mundo!”, “meus brinquedos são os melhores do mundo”. O percurso é todo embalado pela conversa em decibéis que devem ser desaconselháveis em um carro fechado.
Deixo os pequenos na escola, e entram no carro meus mais velhos e outros dois colegas, também vizinhos que aproveitam a carona, para evitar o “busão”. Imediatamente, a algazarra dá lugar ao papo monossilábico, afinal a “mãe” está presente. Tia, que antes era pronunciado nas alturas dá lugar a um timbre baixo, quase tímido. Vez por outra eles me permitem fazer parte do mundo deles e aumentam o volume, me perguntam alguma coisa, para, depois da resposta, voltar ao silêncio ou à conversa inaudível. Na adolescência eles começam a ter conversas incompreensíveis. E sabe? Acho que é de propósito! (risos).
Levar meus rebbentos e seus amigos para o colégio e trazê-los para casa faz uma mágica acontecer no meu carro, com os caçulas aprendo a espontaneidade da infância e passo a acreditar que estou no melhor carro do mundo com as melhores companhias. Com os mais velhos, nos raros momentos que sou chamada a participar, me acho uma adolescente, com vontade de tomar sorvete e conversar sobre amenidades e vez ou outra soltar uma pérola, que não poderia ser dita diante de uma “mãe”.

Site da imagem: http://websmed.portoalegre.rs.gov.br

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Dimensão do querer bem!

Fico aborrecida quando chego no trabalho e percebo que não levei o celular, ou que esqueci alguma coisa no trabalho . Nem conto as vezes que tive que voltar para pegar algo. A minha última façanha, foi perder um guarda chuva enooorme, lindo, presente da minha mãe, do qual eu tinha muito ciúme. Realmente fico chateada.
Mas situação pior que a minha é a do Mário, que é super organizado, acha qualquer coisa sua no escuro, sabe exatamente onde tudo está guardado, e, se “esquece” alguma coisa, normalmente é por minha “máxima culpa”.
Fico a imaginar como deve ser difícil a convivência de alguém organizado com outra pessoa com déficit de atenção. E na situação do Mário o pior é que os filhos que, fisicamente, são cópia fiel do pai, acharam de puxar para a mãe apenas nos defeitos. Somos quatro contra um, e ele vive estoicamente neste ambiente, recolhendo as coisas, me ajudando a procurar os meus perdidos (emburrado, mas ajuda!), voltando no meio do caminho para pegar algo, comprando guarda-chuva para mim pela enésima vez.
É nesta pequenas coisas que percebo a dimensão do querer bem... Sei que meus defeitos devem ser ultrapassados, mas fazendo o exercício de sempre achar um lado bom em tudo, eles (os defeitos) me ajudam a perceber o quanto sou amada por alguém que é tão diferente de mim!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

O meu caroço de feijão


Era apenas um caroço de feijão. Mas para mim era o meu caroço de feijão. Levei para a escola, juntamente com um pouco de algodão e pratinho.
A professora colocou os caroços nos pratos de cada criança e colocou o nome, colocou o algodão molhado por cima e explicou que iria acontecer um milagre. Durante toda a aula fiquei a olhar de soslaio para o meu prato. Parecia que ele crescia, ora parecia que tinha um arco-íris por cima dele, acho que cheguei a ver uma fadinha com varinha de condão, mas ela foi embora quando sem acreditar retornei a vista. Terminou a aula e a ansiedade pelo outro dia me consumiu boa parte da noite, quando finalmente adormeci sonhei com o meu caroço de feijão. Durante os dias seguintes acompanhei com atenção o seu desenvolvimento e um dia quando cheguei no colégio uma pontinha tinha feito uma pequena abertura no grão e a professora começou a falar do milagre da vida. Não sei que sensação foi a que eu experimentei naquele momento, mas sei que voltei a senti-la duas vezes depois na vida.
Um dia após ter passado muito mal durante vários dias e após muitos exames finalmente descobri que estava grávida, uma gravidez que segundo os especialistas deveria ser difícil e só deveria acontecer após um tratamento muito sério. Mas ele estava lá, aliás, eles, soube também que eram gêmeos...
Quatro anos depois, nova surpresa, novamente a natureza me premiava com o dom da maternidade sem qualquer sofrimento adicional, era só a nossa vontade, e a de Deus, sem médicos, remédios ou dor...
Ser responsável por uma vida, seja por um pezinho de feijão aos quatro anos seja pelo último filho aos 29, é sempre uma sensação de estar ajudando Deus na sua missão de Criação.