domingo, 4 de março de 2012

Curacanga


A hora de dar a luz já se aproximava... As dores já estavam apertando e o seu temor era imenso! Mas o que assustava não era o parto, este já seria o sétimo! Mas o receio de nascer mais uma menina... O medo da maldição!
Casara-se e tivera a primeira filha Anete, a segunda Bernarda, a terceira Cândida, a quarta Dorinha, a quinta Eva, na esperança que o próximo fosse o Adão,mas nasceu a sexta e já com medo da maldição colocara o nome de Sexta, para assim evitar ter outro filho, ou pior outra filha.
Contava-se que a sétima filha, nascida em casa de apenas meninas, tornar-se-ia uma Curacanga, uma mulher cuja cabeça lhe saia do corpo e em forma de uma bola de fogo voava pelos campos e cuidava de apavorar quem encontrar nesta estranha vagabundeação.
Durante todos aqueles meses chorara muito, não sabia como fazer para evitar o mal a sua filha, caso fosse uma menina que estivesse esperando. Ao sentir as dores mandou chamar o padre que sabedor de sua aflição, e apesar de haver por muito tentado consola-la, prometera-lhe que iria ver a criança no momento do nascimento.
Em fim a criança veio ao mundo! Todos no quarto ficaram mudo, as mulheres que acompanharam o parto olharam para a mãe de forma desolada! Era uma menina! Uma linda menina, que de forma impressionante não mostrava marcas do esforço do nascimento, mas suas feições eram delicadas.
Seu marido entrou no quarto, ao ouvir o choro da criança, foi ao encontro da esposa com um semblante aliviado! Gertrudes, mezinheira de longa data, havia encontrado uma solução para o tormento do casal.
A salvação seria o batismo, no mesmo dia do nascimento e a irmã mais velha, Anete, seria a madrinha da ultimogênita. Assim ocorreu! O padre ao chegar e para sossegar o coração da mãe realizou o batismo e Anete tomou sua irmã como afilhada, e deram-lhe o nome de Gláucia, porque ela seria luzente mas seu brilho não seria mais a de uma bola de fogo nas noites estreladas do interior do Brasil.

Texto baseado em lenda do Meio Norte do Brasil.
site da imagem: http://www.jangadabrasil.com.br/julho23/im23070b.htm

Um comentário:

  1. Oi Dri! Não conhecia esta lenda e adorei te ler. Temos um país tão grande e, por isso mesmo, tão rico. Me lembrou um pouco a lenda da mula sem cabeça, mas esta tem a causa diferente. Um beijo a todos!

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