Publicado originalmente no Reflexões em: 30/07/2011 http://profadrianaferro.blogspot.com.br/search/label/Docência%20Superior
Site da imagem: http://sp.quebarato.com.br/sao-paulo/jaleco-feminino-acinturado-7-8-gola-social__83F71B.html |
Em um de seus capítulos, o autor dedica um tópico a falar sobre a vestimenta dos professores, começa com uma frase que eu nunca tinha refletido, mas que é a pura verdade:
“Muito depois de termos esquecido o que nossos professores nos ensinaram na faculdade, lembramos de suas roupas. As roupas têm suas próprias sintaxes e vocabulários, e contam mais do que parecem.”
A reflexão que Parini faz, a partir do vestuário dos seus professores e dos seus colegas de cátedra, me levou, também, a pensar sobre a minha própria maneira de vestir para ministrar uma aula.
Tenho minhas roupas de trabalho. Normalmente me encontraram transitando pelos corredores da faculdade vestida de calça comprida social de cor neutra (preferência para o preto, que é um coringa), e uma blusa que pode variar de acordo com o dia, podendo ir de uma blusa de tecido com mangas compridas, nos dias mais frescos (ou menos quentes), até blusas mais leves para o período mais quente do ano.
Nunca pensei que tivesse um estilo próprio, aliás, moda nem é muito o meu forte. Tanto é assim, que é comum lá pela metade do semestre um aluno (na verdade, normalmente é uma aluna) dizer, meio “sem querer”, frases do tipo “Eita, professora, a senhora gosta desta blusa” (acredito que pela repetição da mesma ao longo do semestre). Também não me incomodo, nem um pouco, em não ser a mais elegante das professoras. Certo dia, estava eu ministrando uma aula e após trinta minutos (dos cem que tenho que cumprir), o salto do sapato quebrou, uma lástima (até sou precavida, tenho sempre um par de sapatos no carro, mas não ia parar a aula por isto), tirei a sandálias e terminei a aula descalça, só depois providenciei uma solução para o problema.
Mas acredito que tenho um modo de vestir para trabalhar que me identifica e constatei isto um dia, quando ao entrar na sala dos professores, uma professora muito querida, levantou-se deu uma rodada e disse: - Olha, hoje estou vestida ao estilo Adriana ( ela estava de calça social de cor neutra e camisa de manga comprida, com uma blusinha por baixo).
Lendo o texto de Parini, fiquei pensando o que comunico com minha forma de vestir, qual a mensagem que procuro passar, mesmo que de forma inconsciente... Já houve um tempo, que ao ir trabalhar tentava parecer mais velha, para impor certa autoridade para meus alunos, mas esta época ficou no passado, já tenho idade suficiente para não precisar parecer mais velha. Eu acho que hoje a minha intenção ao vestir é tentar ser discreta para que o realce e o assunto da aula não seja a cor da minha roupa, ou o modelo do sapato, mas as nuances do conceito de crime ou as peculiaridade do crime de Maus-Tratos, acho mesmo que a intenção, hoje, é desaparecer para que o Direito seja o grande artista em cena. E eu concordo com Parini, ao terminar sua reflexão que “vale a pena todo professor universitário pensar em roupas como uma escolha retórica, e vestir-se de acordo com isto”.
Nota pós-escrito: Este semestre comprei um jaleco lilás... Quem sabe não começo a usá-lo!!!!
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